quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pavan e o silêncio dos “inocentes”

Luana Bergmann*

Corrupção ativa e passiva. Advocacia administrativa. Quebra de sigilo funcional. Foram essas graves acusações que motivaram o PSOL-SC a formalizar o pedido de impeachment do vice-governador Leonel Pavan na Assembléia Legislativa. Pedido este mais do que justo, afinal de contas, o vice, cargo que é eminentemente político, até agora estava sendo julgado apenas no Tribunal de Justiça, na categoria de crime comum.

Ocorre que Pavan é mais do que um cidadão comum, e somente um processo de impeachment pode responsabilizá-lo politicamente por seus supostos crimes. A Alesc, é bom que lembremos, trata-se de um poder independente do executivo, e deve dar prosseguimento ao pedido assim que voltar do recesso parlamentar. Não para dar satisfações ao PSOL, mas ao povo catarinense que os deputados representam ou deveriam representar.

Os mesmos deputados, aliás, que, desde que a bomba estourou no início de dezembro, mantiveram-se no mais absoluto silêncio. Nem PT, nem PP, ou qualquer outro partido manifestou-se sobre o caso, o que causa indignação, mas não completo espanto, já que o imobilismo destes partidos parece ser estratégico quando está em vista as eleições 2010.

E o PSDB? O partido de Pavan também não se explica. Segue em silêncio, e apenas questiona a legitimidade do pedido de impeachment alegando, para confundir a população, que o PSOL, por não ter representação na Assembléia Legislativa, não poderia apresentar tal pedido. Este argumento cai por terra após uma simples leitura do regimento da ALESC, que dá o direito a qualquer cidadão, ligado ou não a uma organização política, de apresentar um pedido de impeachment aos deputados da casa legislativa. Ora, caminhem eles um pouco pelas ruas da capital para terem uma idéia da indignação dos catarinenses diante da corrupção no governo do estado. O PSOL e a população catarinense estão vigilantes para que o silêncio dos “inocentes” não cale ou ensurdeça a justiça nem a Casa do Povo.

Luana Bergmann é pedagoga e Secretária Geral do PSOL/SC

Nenhum comentário: