quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Grupo de estudos V


O grupo de estudos e formação do PSOL Joinville realizará seu primeiro encontro em 2011.

Passadas as eleições, nos colocamos a tarefa de debater e compreender, a partir da gênese, o que era e o que veio a ser o Partido dos Trabalhadores (PT). Portanto, iremos refletir sobre a trajetória do partido, a fim, inclusive, de não cometer os mesmos erros.

Para tanto, decidimos pelo texto “PT – Os Dilemas da Organização” do sociólogo e militante socialista Florestan Fernandes (1920 – 1995). À luz do texto e das nossas experiências, assistiremos e em seguida debateremos o vídeo de “Clipagem com cenas do programa eleitoral da Frente Brasil Popular (campanha de Lula) para Presidente da República no ano de 1989”, a fim de verificar as brutais transformações de prática e discurso ocorridas durante esses anos.

Sobre Florestan Fernandes, o autor foi sociólogo e militante marxista (na década de 40, retomando atividades de cunho diretamente político de 80 em diante). Toda sua obra está ligada a desvendar e explicar relações de dominação seja na sua atenção ao indígena, ao negro ou ao proletariado. Maiores informações biográficas aqui.

O encontro ocorrerá na sede do PSOL Joinville (Jerônimo Coelho, 285, centro) no dia 19 de janeiro, quarta-feira, às 19:00h.

Sinta-se convidado. O grupo não é fechado a membros do PSOL, mas sim é aberto a todos que tenham interesse em discutir questões pertinentes ao socialismo. Se possível, confirme presença pelo e-mail psoljoinville@gmail.com .

O texto pode ser baixado aqui.

PSOL Joinville, 13 de janeiro de 2011.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Primeira manifestação contra o aumento reuniu 170 pessoas






Em pleno seis de Janeiro, foi realizado o primeiro ato contra o aumento das tarifas, reunindo cerca de 170 pessoas na Praça da Bandeira. Após assembléia e do “Carlito” dançar o “Funk contra o aumento”, foi realizado uma passeata. Foram trancados ruas e cruzamento, fazendo assim com essas vozes fossem obrigadas a serem escutadas.

A prefeitura tentou, juntamente com as empresas de ônibus, desmobilizar a população de Joinville, arquitetando o aumento da tarifa de ônibus, para um período de festas (natal e ano novo) e de férias, para algumas pessoas. Esperando assim “abafar” esse aumento, numa atitude extremante antidemocrática.

Porém a população respondeu com gritos, nas ruas. Fazendo assim serem ouvidas, já que a prefeitura não abriu dialogo alguns com nenhum setor popular, apenas com os empresários de ônibus.

Assim foi lançada, nas ruas a campanha “R$2,30 JÁ É ROUBO”, pautando a revogação do preço da tarifa e a desmercantilização do transporte coletivo da cidade. Que o transporte passe de fato a ser público e não um objeto de negocio lucrativo para duas famílias.

Os manifestantes já declararam a data de uma nova manifestação: terça-feira, 11/01, às 18h na Praça da Bandeira.

Fonte: NoZarcão.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Invasão das Favelas do Rio



Passado algum tempo dos acontecimentos no Rio de Janeiro, vale a pena fazermos uma análise mais profunda sobre suas causas e consequências do evento.

Causas:

1. O motivo da invasão das favelas foi o incêndio de automóveis (carros e ônibus) supostamente por parte dos traficantes, em retaliação a instalação das UPPs em outras favelas.
Os "especialistas" das emissoras de televisão chegaram a sugerir que o ataque (incêndios) havia sido coordenado pelos diversos grupos e milícias em um trabalho conjunto.
O fato é que apenas morros dominados pelo Comando Vermelho é que foram ocupados.
O precedente deste tipo de ataque como retalição foi efetuado pelo PCC em 2006 onde morreram mais de 150 pessoas, sendo mais de 40 policiais e foram atacados ônibus, casa de policiais, bancos, metrôs. Veja os dados neste link.
Mas tem coisas bem diferentes neste dois casos. Enquanto no ataque do PCC, houve ataques e emboscadas, principalmente contra policiais, além das instituições do estado, e havia uma reivindicação específica quanto a situação dos presos naquele momento. Já neste ano os ataques foram apenas contra veículos, principalmente ônibus, sem reivindicações específicas, já que as favelas invadidas sequer tinham previsão de instalação de UPPs e agora estão prometendo para outubro (será?).

O mais estranho é que os ataques no Rio de Janeiro aconteceram logo após o grande sucesso do filme Tropa de Elite 2. Para quem ainda não viu, o filme retrata a formação das milícias por policiais ao descobrirem o potencial de lucro de se cobrarem "impostos" dos comércios da favela para que as milícias projetam o comerciante deles mesmos, que nos faz lembrar bem as máfias italianas, que também cobravam valores dos comerciantes de suas áreas para que ficassem "protegidos" dos próprios mafiosos.
Mas o que me chamou a atenção no filme, com semelhanças para este acontecimento no Rio de Janeiro, foi quando supostos "traficantes" atacam uma delegacia para roubo de armas. Apesar da notícia correr dessa forma na mídia, a realidade (no filme) é que o ataque foi efetuado e programado pelas milícias, pois após o ataque um morro foi acusado, o BOPE faz a invasão e logo em seguida a milícia toma conta do morro. O Matias acaba morto pelos próprios policiais por não colaborar na hora de forjar o encontro das armas roubadas.

2. Não fazendo sentido então a versão amplamente divulgada pela mídia, que tinha seguidos orgasmos ao ver pobres sendo atacados por armas, onde a única representação do Estado presente nas favelas parece ser a força policial, já que as outras forças não parecem tão importantes para a classe dominante, o que sobre de motivação para uma invasão na favela desse porte, são os dois próximos eventos marcados para o Brasil, e que vão beneficiar diretamente o Rio de Janeiro: Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016.

O que está realmente em jogo neste acontecimento é a estrutura para receber turistas nestes dois eventos, a exemplo do que se fez na África do Sul nesta copa de 2010. As obras levam tempo e o trabalho sujo começou logo após as eleições, onde os políticos já trabalham com seus cargos garantidos

Consequências:

Após perda de domínio de algumas favelas do tráfico para o Comando Vermelho, teremos algumas possíveis consequências.

1. Domínio do morro por parte de mílicias, que normalmente prefere trabalhar no estilo "máfia" cobrando taxas dos empreendedores locais ou a inserção real das UPPs.
Seguindo essa lógica, o mercado comprador daquela região automaticamente se muda para outras regiões, tendo novas buscas e crescimentos de outros grupos que dominam outros morros, principalmente os mais longe do percurso dos eventos 2014 e 2016.

2. Uma outra consequência bem comum, é alterar a forma de comercialização da droga. Ao invés do tradicional domínio de território para venda de droga no local, começam a usar a tele-entrega (delivery) onde não é necessário controle territorial, sendo desnecessário investimento em armas e estrutura social.

3. Também sobraram muitas armas nas mãos de bandidos, e os que não conseguirem se juntar a organizações em outras favelas, certamente voltarão aos crimes praticados antes da facilidade com o tráfico, que são assaltos a bancos, sequestros, roubos.

Ou seja, apesar da impressão de "problemas resolvidos", os únicos problemas que estão sendo tratados, são os de acesso para os turistas curtirem os eventos esportivos de 2014 e 2016. Não há um "fim do tráfico" ou fim do problema de moradia precária, ou fim da insegurança e da violência. O crime mudará de lugar e talves de atividades, mas não deixará de existir apenas por invasão de bairros pobres.

Por isso estaremos de olho no que acontece no Rio de Janeiro. Pobreza não se combate com polícia, mas com educação, cultura e habitação.

Ivan é militante e presidente do PSOL Joinville.