quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MST X CUTRALE

Por Ivan Rocha, presidente do PSOL Joinville

Recentemente o MST voltou à mídia em Santa Catarina com a prisão de integrantes do Movimento em Imbituba, por suposta organização de invasão de terras. Integrantes dos diversos movimentos sociais saíram na defesa do MST na defesa da Reforma Agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais.
A criminalização vem sendo feita através da repetição incessante da suposta derrubada de pés de laranja transgênicos pertecentes à Cutrale, pela Televisão.
E em todos os espaços abertos para se falar sobre o MST, é novamente repetido este assunto para criminalizar e tirar o foco do problema principal que é a grande concentração de terra existente no Brasil.
Pois muitos esquecem que se não houvesse o vídeo com a derrubada dos pés, o povo brasileiros jamais saberia que a Cutrale planta laranjas transgênicas em terras griladas. Existem diversas ocupações de terra por todo o Brasil com apoio do MST, onde nenhuma ou muito poucas são anunciadas. Por algum motivo a mídia não tem interesse em debater a reforma agrária, apesar da ocupação de terras ser uma questão social grave. Mas teve interesse em reproduzir por dias seguidos esse fato isolado em diversos jornais durante toda a programação. Sem falar no assassinato de diversos trabalhadores rurais que passam despercebido pelos telejornais.
Todos os políticos dizem entender a importância da reforma agrária, mas ao invés de reverem os graus de produtividade que estão previstos em nossa constituição, montam uma CPI para investigar o MST. E esquecem que a revista Veja já fez reportagem em 2003 mostrando as artimanhas da Cutrale, onde envolvem sonegação de impostos, desrespeito aos direitos trabalhistas, crimes ambientais, crimes de concorrência desleal, entre outros, em uma clara demonstração de imparcialidade.
Ao mesmo tempo que a grande mídia protege uma empresa criminosa, que planta transgênicos proibidos em alguns estados, como o Paraná, criminaliza todo um movimento, baseado em um fato isolado, que ainda luta por algo tão essencial que está previsto em nossa constituição.
Quando os nossos representantes pararem de criminalizar o povo, trancando as ações de progresso para a nação, pois seus patrocinadores são exatamente os criminosos que concentram a terra no Brasil, e avançar na reforma agrária, certamente o MST (que só existe por ser uma necessidade do povo) deixará de existir, pois sua atuação só existe enquanto houver essa desigualdade enorme num país tão rico.

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