Por Leonel Camasão*
O recente seminário para debater um novo marco regulatório para as universidades comunitárias revelou a verdadeira situação do sistema Acafe em Santa Catarina: ele está à beira da falência. O evento contou com vários debates sobre o financiamento e a viabilidade econômica dessas instituições, ameaçada por vários motivos.
Enquanto o movimento estudantil acusa as reitorias de má-gestão e até mesmo de corrupção, propostas como a do deputado Darci de Matos (DEM) objetivam retirar dinheiro das universidades comunitárias para entregá-las às universidades privadas. Para piorar o quadro, a interiorização da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está sendo feita de maneira atropelada, ouvindo apenas a classe empresarial , aumentando o número de vagas sem estrutura para tal, com o objetivo de garantir mais recursos do Reuni. Isso mostra como os governos estão errando a mão nas políticas de ensino superior para a região.
Em Joinville, por exemplo, a Univille agoniza esperando que a prefeitura pague a dívida de R$ 21 milhões para bolsas de estudo. O pagamento foi suspenso no governo tucano de Marco Tebaldi e mantido pelo governo petista de Carlito Merss. Enquanto a Univille apela por socorro, a implantação da UFSC em Joinville já se demonstrou corroída por casos de corrupção na compra do terreno, denunciado pelo Ministério Público.
Escolheram uma área rural para construir a nova universidade, área essa que não possuí nem rede de água, esgoto ou energia. A localização da UFSC vai gerar crescimento desordenado, trânsito, acidentes e outros problemas nas proximidades da curva do arroz, o que não nos parece muito inteligente.
Dito isto, fica a pergunta: o que é mais caro hoje, federalizar a Univille, que tem 10 mil alunos e mais de 35 cursos, em todas as áreas, com toda a estrutura, ou torrar dinheiro público para construir uma universidade mal localizada, de um curso só? O que é custo-benefício para o governo? O que é custo benefício para a sociedade, para os professores, para os alunos?
Situação semelhante vive todo o sistema Acafe. Lideranças políticas querem criar a modalidade de público não-estatal, ou seja: financiar as universidades privadas com dinheiro público para garantir a rentabilidade do empreendimento.
Esse debate traz a chance de recolocarmos a política do ensino superior no caminho certo: federalizar Univille e o sistema Acafe, evitando a sua falência vai democratizar, de fato, o acesso ao ensino superior de qualidade em Santa Catarina. Interiorizar a UFSC, seus cursos e suas potencialidades, hoje, passa pela federalização das universidades comunitárias.
Leonel Camasão é jornalista e membro da Executiva Estadual do PSOL-SC
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