quinta-feira, 28 de maio de 2009

PSOL lança jornal durante evento com Protógenes

O Partido Socialismo e Liberdade em Joinville lançou, no dia 25 de maio, a primeira edição de seu jornal. O "Canal 50" é um periódico de oito páginas, com o objetivo de retratar os problemas da cidade, do estado e do país, assim como apresentar alternativas.

Nesta primeira edição, o Canal 50 retrata a luta dos estudantes pela redução das tarifas em Joinville, mostra a precariedade onde se encontram as famílias da Ocupação do Juquiá, fala sobre a palestra do delegado Protógenes Queiroz, traz uma entrevista com o sociólogo Ricardo Antunes e opina sobre os 13 anos de impunidade no Massacre de Eldorado dos Carajás e sobre a UFSC de Joinville.

O Canal 50 ainda não possui periodicidade definida, mas membros do partido estudam uma edição trimestral.

Você pode baixar uma versão colorida do jornal clicando aqui ou na imagem acima.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Palestra de Protógenes lota Câmara de Joinville

Foto: Jéssica Michels/Revi
Da direita para a esquerda, Luis Fernando, Protógenes, Sílvio Melatti e Nilson Vargas

A palestra do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz lotou o plenário da Câmara de Vereadores de Joinville, na última segunda-feira. Convidado pelo curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc e pelo Diretório Acadêmico Cruz e Souza (Dacs), com apoio do PSOL, o delegado veio proferir a palestra "O Estado Brasileiro e a relação do Público-privado".

O delegado chegou na cidade por volta das 16h30, e seguiu para o Bom Jesus/Ielusc, onde concedeu coletiva de imprensa. Após isso, Protógenes visitou a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, e foi recepcionado pelo supervisor geral, Pavel Kazarian.

Além de contar experiências pessoais como delegado, Protógenes recebeu diversas perguntas da platéia e dos convidados da mesa. Além do coordenador do curso de Jornalismo, Sílvio Melatti, esavam presentes Luis Fernando Assunção, representando o Notícias do Dia, e o diretor de redação do A Notícia, Nilson Vargas. Todos direcionaram perguntas a Protógenes.

Protógenes também se preocupou em anotar os e-mails das pessoas que não tiveram as perguntas respondidas. Ele garantiu que irá respondê-las pessoalmente. Após a palestra, o delegado jantou com membros da coordenação do curso, do PSOL Santa Catarina e do Dacs.

Protógenes nega filiação ao PDT

Foto: Jéssica Michels/Revi
O delegado afastado da Polícia Federal Protógenes Queiroz negou, nesta segunda-feira, uma suposta filiação ao PDT, durante palestra em Joinville.

Convidado pelo curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, pelo Diretório Acadêmico Cruz e Souza (Dacs), com apoio do PSOL Santa Catarina, a palestra lotou o plenário da Câmara de Vereadores.

A notícia frustou diversas lideranças pedetistas que foram à palestra, como o secretário de Habitação, Alsione Gomes de Oliveira, o vereador James Schroeder e o ex-vice prefeito Rodrigo Bornholdt.

Os pedetistas comparecem na palestra porque o colunista Roberto Azevedo, do Diario Catarinense, afirmou que o delegado havia assinado ficha noPDT. Quem passou a informação foi o presidente do PDT de Santa Catarina, Manoel Dias.

Protógenes ficou irritado com a publicação do boato, e desafiou a liderança pedetista. "Quero que ele me traga a ficha de filiação aqui na minha mão", retrucou. A negativa também ocorreu durante coletiva de imprensa no Bom Jesus/Ielusc, também na segunda-feira.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Palestra com Protógenes Queiroz


O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz estará em Joinville na próxima segunda-feira (25), proferindo a palestra “Estado Brasileiro e a relação do público-privado”, para estudantes universitários. O evento será na Câmara de Vereadores, às 19 horas. O convite foi realizado pelo curso de Jornalismo da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc (Joinville).

O delegado chegará na cidade por volta das 14 horas, e dará entrevista coletiva às 16 horas, no Bom Jesus/Ielusc.

Protagonista do desmonte de diversas operações criminosas, Protógenes tem sido perseguido e acusado de atividades ilíticas, nenhuma delas provada até agora. Na oportunidade, o delegado poderá esclarecer muito sobre a sua atuação e sobre a operação Satiagraha, corrupção no Brasil, entre outros temas.

Com uma carreira de destaque, Protógenes ganhou as páginas dos jornais após prender por duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, na chamada Operação Satiagraha. Dantas é condenado por tentativa de suborno e é acusado de um sem-número de crimes financeiros.

Quem é Protógenes Queiroz

Protógenes Pinheiro Queiroz, 50 anos, é baiano de Salvador (20 de maio de 1959), advogado e delegado da Polícia Federal desde 1998. Se formou em Direito pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro.

Serviço
Palestra “O estado brasileiro e a relação público-privado”
Dia 25 de maio – Joinville
Onde: Plenário da Câmara de Vereadores, às 19 horas
Rua Hermann August Lepper, 1100 – Centro

Contatos
Assessoria de Imprensa
Leonel Camasão – (47) 9192-9991
DRT/SC 3414 Jornalista Profissional

Organização
Clayton Felipe Silveira – (47) 9981-2873
Membro do Diretório Acadêmico de Comunicação Social Cruz e Souza (DACS-Ielusc/Joinville).

Sílvio Luiz Melatti - 9178-4686
Coordenador do curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc (Joinville)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Plano 13 não deixa dúvidas: Carlito prometeu baixar tarifas

Carlito preferiu os Bogos e Hargers ao invés da população
O plano de governo do então candidato a prefeito Carlito Merss (PT) não deixa dúvidas quando a questão é transporte coletivo. Apesar de Carlito ter afirmado em várias oportunidades que nunca prometeu reduzir a tarifa, mas sim, discutir os valores, as páginas de seu próprio projeto não mentem.

A promessa é feita pelo menos duas vezes, nas páginas 25 e 26 do Plano 13. Está escrito, letra por letra, o seguinte:

Na página 25 Promoção do reordenamento territorial, a regularização fundiária e a implementação estratégica do plano diretor – promover a habitação popular, melhorar a circulação viária, ampliar a pavimentação comunitária, incentivar o transporte público, baratear as tarifas, garantir a mobilidade urbana e segurança para as ciclovias e para os pedestres."

Na página 26
Prioridade para o transporte público - barateamento das tarifas, desoneração tributária, uso de combustíveis alternativos e transparência da planilha de custos.
A prova cabal da enganação eleitoral está no site de campanha do petista, ainda no ar. É possível baixar o Plano 13 no formato PDF no link http://www.carlito.com.br/carlito13/assets/download/plano%20de%20governo.pdf

O PSOL é contra este aumento, e vai lutar pela sua revogação junto a Frente de Luta pelo Transporte Público, movimento também formado pelo Movimento Passe Livre, entidades estudantis, associações de moradores e setores de outros partidos políticos.

ATO PARA BARRAR O AUMENTO NA UNIVILLE


O prefeito Carlito Merss rompeu seu compromisso com a população joinvilense e decretou um aumento de 12,2% nas tarifas do transporte coletivo. Para reverter a situação, a Frente de Luta pelo Transporte promove nessa sexta-feira um ato para barrar o aumento. A manifestação vai ocorrer na Univille, e será a primeira de muitas, até o aumento ser revogado.

O PSOL apóia esta luta e vai estar presente também. Contamos com sua participação.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Palestra de Protógenes será na Câmara

A palestra com o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz em Joinville já tem data, local e hora para ocorrer. Protógenes fará a palestra "Estado Brasileiro e a relação público-privado" no dia 25 de maio, às 19 horas, no plenário da Câmara de Vereadores de Joinville.

O evento é patrocinado pelo curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, com apoio do Diretório Acadêmico de Comunicação Social Cruz e Souza (Dacs). Também estará presente no evento o presidente estadual do Partido Socialismo e Liberdade, Afrânio Boppré.

A expectativa dos organizadores é lotar o plenário da Câmara. Além dos estudantes de jornalismo, estão sendo convidados os alunos da Univille, ativistas dos movimentos sociais, além de toda a comunidade.

A Notícia - AN Portal - 8 e 9 de maio

8 de maio
ENTRE R$ 2,20 E R$ 2,25

Com a regulamentação do passe livre a partir dos 60 anos, acertada ontem e a ser assinada na próxima semana, tudo se encaminha para a Prefeitura de Joinville aceitar o pedido de reajuste na tarifa de ônibus. A incógnita é o índice. As empresas queriam 17%, depois disseram que se contentam com 12%. Tudo indica que será aplicado índice da inflação, algo em torno de 8% e 9% – são 20 meses sem aumento. Traduzindo para números que interessam, a passagem passaria de R$ 2,05 para R$ 2,20 ou R$ 2,25 (10% no caso do valor mais alto). A Prefeitura nada confirma. Nem que vai ter aumento. De oficial, apenas que a decisão sai em maio e que na segunda terá nova reunião sobre o assunto (mais na página 4).

Contrapartidas

Além do passe livre a partir dos 60 anos, outras contrapartidas podem ser solicitadas, como ônibus com pisos mais baixos, renovação mais acelerada da frota, entre outras. No caso da gratuidade aos 60 anos, havia interesse em criar algum ponto de corte, como apenas mais carentes sendo beneficiados ou com validade para apenas determinados momentos. Não dá. Do jeito que veio da Câmara, é universal, para todo mundo com mais de 60 anos. E assim vai ficar.

Cadastro

Há interesse em ser feito um cadastro, para pelo menos as empresas terem informações sobre quantas pessoas se utilizam da gratuidade. É algo complicado. No passado, chegou a ser exigida carteirinha para quem tinha mais de 65 anos, mas o procurador Davy Lincoln Rocha fez barulho e as empresas passaram a exigir somente a carteira de identidade.

9 de maio
Promessas

Quando o reajuste for concedido – hoje tem uma reunião que era para se decisiva, mas a Prefeitura pretende encerrar a discussão até o final do mês – é possível que o controle pelo município seja reforçado. Talvez seja também o momento de resgate de promessas de campanha de Carlito.

Campanha

Duas das promessas de Carlito, divulgação das planilhas e linhas durante a madrugada, foram cumpridas. No caso da tarifa, há menção ao subsídio e desoneração tributária (redução de impostos). O dinheiro está curto para o subsídio e o impacto do corte do ISS é mínimo.

Domingo livre

Tem uma promessa bem objetiva, que é o passe livre para todo mundo em um domingo por mês. Também é prometida a tarifa estudantil “diferenciada”, que pode ser desde passe livre a desconto de 0,01%, vá saber. Algumas desses promessas, além do passe livre aos 60 anos, deverão ser vir com o reajuste. Ontem, o PSOL mandou nota informando que o prefeito Carlito disse no sábado que vai conceder o aumento na tarifa, como era previsto.

domingo, 10 de maio de 2009

Carlito admite aumento na tarifa de ônibus

"Fazer o quê? Não tem jeito", afirma Carlito
O prefeito Carlito Merss (PT) admitiu no sábado, em entrevista a estudantes de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, que concederá aumento de tarifa no transporte coletivo. Os estudantes trabalhavam em uma reportagem para o jornal-laboratório Primeira Pauta, de periodicidade mensal.

"Quer dizer que a tarifa vai aumentar?", perguntou um dos estudantes. "Fazer o quê? Não tem jeito!", retrucou Carlito. Apesar da afirmativa, o prefeito não afirmou em quanto o preço será modificado. Hoje, uma passagem de ônibus custa R$ 2,05 antecipada e R$ 2,50 embarcada.

Para os setores de esquerda ligados à Frente de Luta pelo Transporte Público, a análise era de que Carlito daria o aumento em maio, data-base para o aumento dos motoristas de ônibus. A estratégia é jogar os motoristas de ônibus contra os usuários, já que as empresas Gidion e Transtusa só darão o aumento aos motoristas se a tarifa for reajustada, conforme notas do jornal A Notícia.

A expectativa dos empresários é de que o aumento saia nessa semana. Mais uma vez, o prefeito petista deixa de cumprir uma promesssa - baixar o preço do ônibus- e faz o justo contrário: um aumento que só prejudica a população de Joinville, afasta os usuários do sistema de transporte, penaliza os estudantes, piora o trânsito e devora a renda do trabalhador informal.

O PSOL é contra o aumento de ônibus e, junto à Frente, vai lutar para revogar o aumento na tarifa. Vamos mobilizar todos os setores sociais possíveis para uma ação conjunta, pela derrubada do aumento e pelos pontos defendidos no Manifesto da Frente de Transporte, o qual apoiamos integralmente.

sábado, 9 de maio de 2009

O PT e o aumento da tarifa de ônibus em Joinville – da Social-Democracia ao Neoliberalismo

18 de fevereiro de 2009.
Em 1980, no colégio Sion em São Paulo, na manhã de 10 de fevereiro, era fundado um partido inédito na história brasileira. Talvez a sua principal característica fosse professar um socialismo livre de amarras e compromissos com a já decadente – tanto política quanto economicamente – União Soviética. Essa recusa ao “socialismo de Estado” não se combinava a um posicionamento acrítico às “democracias ocidentais”, que estavam longe de serem consideradas alternativas. Além disso, esse partido foi capaz de unir, em um momento ímpar da história do Brasil, intelectuais, ex-guerrilheiros autocríticos com a via armada, um largo setor da Igreja Católica e, fundamentalmente, o movimento operário do ABC, que esboçou, desde o início, a dupla recusa – ao bloco capitalista e socialista, ao sindicalismo de negociação e ao sindicalismo etapista do PCB – que então caracterizaria o Partido dos Trabalhadores.
Num mesmo palanque Mario Pedrosa, trotskista e um dos principais críticos de arte do país, Apolônio de Carvalho, ex-combatente da Guerra Civil Espanhola e militante histórico do PCB, e Lula, sindicalista cuja ascensão política já era notável e preocupava a ditadura, fazendo parte de um mesmo partido, resultado único – e possivelmente irrepetível – de uma confluência de fatores que ocasionaram a criação de um partido geneticamente operário e apoiado por amplos setores da sociedade civil.
Em que pese, talvez, o “ar romântico” dessa introdução retrospectiva, sobretudo quando iremos tratar de um assunto tão prosaico quanto o aumento da tarifa de ônibus na cidade de Joinville, isso se justifica, pois o pano de fundo do Brasil dos últimos 29 anos foi o Partido dos Trabalhadores e sua prática renovada, cujo fim da ditadura e a resistência ao neoliberalismo são emblemas de sua importância histórica, tanto prática quanto simbólica. O que não implica em dizer que foi o único ator da redemocratização e das primeiras lutas contra as privatizações, mas sim o principal.

Há algumas tentativas de reconstituição do processo que levou o PT de refratário ao neoliberalismo a artífice número um das reformas neoliberais. Não me ocuparei dessas tentativas, pretendo apenas esboçar mais um fato que somente uma explicação global será capaz de dar sentido pleno. Trata-se, strictu sensu, da política de transporte, notadamente coletivo e urbano, aplicada pelo PT entre 89-92 em São Paulo e o que se desenha na prefeitura de Joinville, a partir da posse de 2009. Vinte são os anos que separam esses dois eventos e mais que pressupor um tempo vazio que escoa entre um e outro, trata-se de mostrar as diferenças qualitativas, sem pretender nenhum exercício infrutífero de futurologia.
O governo Luiza Erundina implementou a municipalização do transporte coletivo na São Paulo da transição das décadas de 80 a 90. A efervescência política, cabe mencionar, era enorme: a aprovação de uma constituição muitíssimo superior as anteriores e na qual o PT desempenhou um papel fundamental e a quase eleição de Lula à presidência da República, pregando um susto que as elites do país aprenderam a se defender.
A municipalização do transporte consistia em rever as planilhas de custo (o que foi feito por meio de análise técnica do Centro Brasileiro de Planejamento, o CEBRAP) e em suspender as concessões, instituindo um modelo de “frete” com as empresas de transporte, pagando a elas por kilômetro rodado (com vistas a impedir a superlotação que o modelo de pagamento por pessoa ocasiona). A municipalização seria financiada por “impostos progressivos”, pagos pelas parcelas mais ricas da população (IPTU sobretaxado em mansões de luxo, grandes terrenos, terrenos baldios etc.). A municipalização produziu como conseqüência um maior controle público sobre o transporte. As linhas, as rotas, os horários eram decididos pelo poder público em consulta aos movimentos populares da época.
A municipalização reforçou, ainda, a empresa pública de transporte de São Paulo que passou a apropriar-se dos ônibus com certo tempo de uso das demais concessionárias (segundo a lógica de que o ônibus foi pago por dinheiro público em X anos e, logo, deve passar ao poder público após pagamento, golpe certeiro na ideia de propriedade privada) e cuja meta era estatização integral do sistema, num prazo previsto de 8 anos – o que gerou protestos de petistas afoitos: queriam uma estatização integral e imediata, sem nenhuma mediação. À época, Lula limitava-se a dizer que não era favorável a “ônibus gratuito”, mas sim que o trabalhador ganhasse um salário suficiente que o permitisse pagar a tarifa. O sentido público da ideia de transporte que se perde nessa fala parece evidente.
Um governo socialista? Socializante, no máximo. Mais e provocativamente: diria que um governo tipicamente social-democrata – embora esse termo tenha um sentido outro quando considerado nos países abaixo da linha do Equador. A social-democracia européia do pós-guerra seria sensível a uma política dessa modalidade. No entanto, no Brasil, autocrático de nascença, a social-democracia só podia nascer pela mão dos trabalhadores – e não das classes médias gelatinosas que supostamente sustentam o PSDB –, e assim foi.

Um projeto piloto de Tarifa Zero, ônibus pago por impostos, mas gratuito diretamente ao acesso da população, foi aplicado em uma comunidade de 200.000 pessoas em São Paulo. Vale lembrar: 200.000 pessoas é uma população maior do que a população de boa parte das cidades catarinenses. O projeto, desnecessário dizer, foi um sucesso.

O epílogo é triste: tudo foi desfeito na gestão seguinte da prefeitura encabeçada por Paulo Maluf, o ex-candidato da linha dura da ditadura ao Colégio Eleitoral contra Tancredo Neves. Não por acaso, o que sobrou da municipalização teve fim pelas mãos de Marta Suplicy, do Partido dos Trabalhadores.

O presente não apresenta, nem de longe, a conjuntura explosiva que precedeu o governo Erundina. Há hoje um consenso em torno de Lula. Pesquisas indicam 70% de aprovação. A reforma neoliberal da previdência aprovada, a trabalhista e a universitária desenhadas, o atrelamento sintomático da CUT e da UNE ao governo, a autonomia do Banco Central e as bravatas de Lula sobre a crise econômica mundial são alguns elementos da situação política do país quando da posse de Carlito Merss na prefeitura de Joinville.

Embora seja mecânico demais supor que a conjuntura determina a política, é certo que há relações entre uma e outra. Carlito Merss, e o PT Joinville de maneira geral, pensam e agem sobre essa inação geral, que é mantida e estimulada, pois agora PT é governo, e, via de regra, governos não querem perturbações. A eleição de Carlito estava esboçada muito antes da campanha e o fator Lula foi fundamental.
O PT Joinville sabia disso. As propostas do então candidato Carlito eram notáveis no que se refere à modéstia delas: sem empresa de asfalto, sem empresa pública de ônibus, apenas uma modesta ideia de subsídio ao transporte. Municipalização? A exemplo da historiografia soviética, cuja característica era apagar traços do passado que comprometessem o presente, uma borracha foi passada na experiência do governo Erundina. O problema do transporte tornou-se amplo demais para ser resolvido nos estritos limites do município: era necessário uma política nacional – se Erundina, o PT São Paulo da década de 90 e os movimentos populares houvessem esperado uma solução de Collor, nada no transporte seria feito; logo, o PT complexifica a questão a ponto de sobrar apenas a modéstia proposta do subsídio.
O transformismo do PT deixou alguns lugares vagos na arena política. Com projetos mais ousados, muito embora ainda aquém dos projetos de São Paulo, Kennedy Nunes e Rodrigo Bornholdt buscaram ganhar espaço com a pauta do transporte. Kennedy menos, Rodrigo mais, o fato é que o PT deixou órfãos, pessoas que se identificaram historicamente com suas propostas e cabia resgata-las, as pessoas e as propostas. Rodrigo, saído do PMDB, refugiou-se sob a história do trabalhismo brasileiro e buscou ser o elo de ligação entre interesses populares e a política. Uma eleição, notou-se, não foi suficiente para reestabelecer esse elo perdido. Ambos apoiaram Carlito, o que quase criou uma situação constrangedora: PP, partido de Paulo Maluf citado acima, e PDT, partido de Carlos Lupi, sucessor opaco de Brizola e Ministro do Trabalho do Governo Lula, com um programa mais à esquerda que o PT na questão transporte.
Carlito foi cuidadoso durante toda a eleição em não se comprometer com nada ousado: o poder estava à vista e quase ao alcance da mão. Após a posse, a ideia de subsídio foi progressivamente abandonada. Primeiro ornada sob belos argumentos políticos: subsídio é tirar dinheiro da saúde e da educação e “doa-lo” para empresas privadas – argumento idêntico do Movimento Passe Livre e, em seguida, da Frente de Luta pelo Transporte Público. A moldura mostrou-se falsa e Nelson Trigo, vice de Kennedy, foi mais claro: há um rombo de 100 milhões de reais na prefeitura, logo, o subsídio está descartado.
As duas últimas declarações de Carlito vão na direção de um aumento que recupere o índice da inflação – “Minha vontade era dar a inflação, já que eles têm data-base (negociação salarial) em maio” (AN, 13/02) – e na democratização da planilha (JND, 16/02). O primeiro argumento é frágil por duas ordens de razões contrárias, que mostram subrepticiamente o que o PT tenta conciliar. Em primeiro lugar, considerado o aspecto verdadeiro da ideia, alguém poderia argumentar, e certamente seriam as atuais concessionárias de transporte, que não faz sentido utilizar a inflação como critério, pois o diesel, insumo cujas reclamações são mais presentes no discurso das empresas, possui uma variação que não se guia pela inflação, de modo que aumentar a tarifa por meio da inflação não recupera os “investimentos” – eufemismo de lucro – das empresas.
Nesse caso, há duas alternativas: ou se aumenta a tarifa até a exclusão da imensa maioria dos usuários ou, o que no fundo é o mesmo sob outro aspecto, reconhece-se que o modelo de transporte praticado pelas empresas é antissocial, portanto impraticável e passível de superação. Em suma, e o que é pedir demais a essa altura da quadra histórica, reconhece-se o fracasso do modelo privado de transporte em prover mobilidade à população. Apenas um dado sobre esse ponto: 39 milhões de pessoas são excluídas do transporte coletivo em todo o Brasil em razão da pura e simples falta de dinheiro para pagar a tarifa. 39 milhões é a população, inteira, da Argentina. Parece razoável considerar que o modelo de transporte privado, hegemônico no Brasil, é um fracasso no que se propõe enquanto serviço público: transportar.
Voltando. A inflação, na verdade, se revela um índice mais “democrático” na medida em que os salários dos trabalhadores avançam, em geral, no mesmo ritmo que a inflação – embora isso também seja questionável, há setores do funcionalismo que não tem recomposição salarial há vários anos. Nesse sentido o argumento da inflação, utilizado por Carlito é verdadeiro. Ou melhor: meio-verdadeiro. Cabe radicaliza-lo. O AN de 12 de janeiro mostra que a tarifa aumentou 109,2% acima da inflação. Isso indica que, se a tarifa deve guiar-se por índices inflacionários, ela deve baixar 109,2%, o que levaria seu preço a ser por volta de R$1,40. Assim, o argumento, no limite, extrai conseqüências mais radicais que sua enunciação rápida supõe. O argumento é, por um lado, falso para os empresários; por outro, insuficiente para os movimentos sociais. Em suma, um argumento conciliador que, esquecido o histórico, objetivamente privilegia os empresários.
A democratização das planilhas é um processo muito importante, embora, e isso seja reconhecido pelo próprio prefeito em seu texto de divulgação à população, é insuficiente para democratizar o transporte como um todo. Novamente, a modéstia é a tônica do discurso.
A disparidade entre Carlito e Erundina – ou melhor, até porque o destino político de Erundina é pouco defensável, entre o PT dos fins de 80 para o PT de 2009 – é notável. A aliança entre movimentos sociais e PT, há algum tempo desfeita, simbolicamente pela rejeição a presença de Lula no V Congresso do MST, foi substituída pela aliança com a burguesia nacional – desde os Bogo/Harger até a ACIJ e um projeto de UFSC enquanto “pólo tecnológico”, privilegiando as instalações públicas para um novo processo de acumulação de capital ou, na fórmula da esquerda reformista, “desenvolvimento”.
O fantasma da aliança com a burguesia nacional, perseguido à exaustão pelo PCB durante certa época, foi realizado pelo PT – que nasceu da negação do PCB. As “democracias ocidentais” que se tornaram experimentos do neoliberalismo, as quais o PT carregava ojeriza no bojo de suas concepções, também serviram de modelo para o recrudescimento do neoliberalismo nos confins do sistema capitalista – no centro, com o fim da social-democracia, na periferia com a adesão prévia do PT ao programa do inimigo, como definiu o filósofo Paulo Arantes num texto célebre –, cujo protagonismo do PT, no que se refere à cooptação de centrais sindicais e estudantis, demonstrou enfaticamente a viabilidade da aliança burguesia-trabalhadores no que tange à destruição de direitos com mais êxito e alcance hegemônico que Fernando Henrique Cardoso sequer suspeitou. Parece óbvio demais dizer, mas vá lá: nunca há aliança simétrica entre burguesia e trabalhadores, ao contrário, ela é sempre feita em benefício dos primeiros. A hegemonia é o cimento da aliança e FHC não era capaz de articular interesses tão conflitantes. Lula o exato contrário. O PT de Joinville apresenta um movimento similar ao do PT nacional, à diferença dos detalhes.
O transporte é apenas um sintoma. Sintoma de um projeto decadente do ponto de vista da transformação social, mas não de viabilidade eleitoral – o que é outro debate. Se o projeto iniciado no Colégio Sion, cujo aniversário de 29 anos se completou a pouco, mostrou sinais de esgotamento, cabe deixar o que lhe sobrou de vazio – uma sigla e uma estrela – para trás e reconstruí-lo no que ele tinha de melhor. Em Joinville, hoje, reconstruí-lo significa lutar contra o vazio de uma sigla e a opacidade de uma estrela.

Hernandez Vivan, militante do PSOL e estudante de Filosofia,

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nota de apoio a realização da parada da diversidade em Joinville

Joinville, 2 de maio de 2009

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vem por meio desta externar seu apoio à Associação Arco Íris na realização da Parada da Diversidade em Joinville. A Associação, que luta pela defesa dos homossexuais, bissexuais, transexuais e trânsgeneros, pretende realizar o evento em junho, mostrando essa realidade oprimida há tantos anos em Joinville.
O Movimento GLBTT da cidade tem sido alvo de diversas calúnias, difamações e ataques ultraconservadores, que chegam a satanizar a atuação do movimento.
Os que tentam impedir esta manifestação são as parcelas conservadoras e preconceituosas e estão agindo contra o artigo V da Constituição brasileira, que prevê a livre liberdade de organização, expressão e atuação junto à sociedade.

Willian Luiz da Conceição
Presidente do PSOL Joinville

Nota de apoio ao Ministério Público Federal de Joinville

Joinville, 2 de maio de 2009

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vem por meio desta externar seu apoio à Ação Civíl Pública impetrada pelo Ministério Público Federal contra a Universidade Federal de Santa Catarina e contra a União pela forma duvidosa como vem se dando a interiorização da UFSC em Joinville.

O MPF questiona os procedimentos duvidosos de compra de um terreno às margens da BR-101, terreno este que apresenta todo o tipo de problemas para a instalação de uma universidade, como área alagadiça torres de transmissão da Eletrosul, contorno ferroviário, o terreno do Sinuelo, suspeita de superfaturamento na venda, entre outros.

A resolução destas falhas custariam milhões de reais aos cofres públicos, sendo o caminho mais barato para o governo a escolha de outro local para a construção da universidade. O apoio também se dá no ambito da proposta de realização de audiências públicas para definir os cursos superiores oferecidos em nossa universidade, tendo em vista que a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) já é por si só um centro tecnológicos.

Os cursos pretendidos para a nossa universidade foram indicados exclusivamente pela Associação Empresarial de Joinville (Acij), por puro interesse em formar mão de obra qualificada com dinheiro público. Essa atitude descaracteriza a função da educação pública. Enquanto isso, nossos profissionais da saúde e professores continuam reféns das universidades privadas.

A UFSC em Joinville deveria, portanto, trazer cursos nas áreas de saúde, humanas e biológicas, para dar opções aos estudantes de Joinville na hora de fazer uma faculdade. O PSOL vem por meio desta também parabenizar a atuação dos procuradores Davy Lincoln Rocha, Mário Sérgio Ghannagé Barbosa, Rodrigo Joaquim Lima e Tiago Alzuguir Gutierrez no caso da UFSC.

Willian Luiz da Conceição
Presidente do PSOL Joinville

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pacote Habitacional ou Pacote anti-crise?

A política habitacional do governo Lula não tem como objetivo final resolver o problema de moradia do país.

O pacote de habitação do governo Lula que propõe construir 1 milhão de casas até o final de 2010 é uma medida que está baseada na concessão do crédito. Isso retoma a preocupação com o ocorrido no sistema subprime estadunidense (empréstimos de alto risco que foram um dos fatores na atual crise econômica).

É a política de moradia mediada pela ambição dos bancos e empreiteiras, que inclusive já apresentou péssimos resultados em vários países. Além de que 91% da população que compõe o déficit habitacional brasileiro ganha entre zero e três salários mínimos e que serão os menos beneficiados pelo pacote, diferente da classe média. Além de moradia como mercadoria o governo do presidente Lula (PT) propõe com essa política de mercantilização de um direito constitucional de todos/as, a salvação do sistema bancário, construtoras e empreiteiras atingidas pela crise do capital. Tudo isso através da política de repasse de verba pública.

No Brasil possuímos gigantescos problemas agravados pela inexistência de políticas de uso do solo nas cidades e também da democratização do espaço agrário (falta de reforma agrária), o que expulsa milhares de pessoas do campo lançando-as as grandes cidades.

Não podemos resumir a política de habitação na limitação do crédito para os interesses das construtoras e do capital financeiro. O que temos realmente que pensar é aonde realizaremos essas casas. E qual o interesse que será priorizado? O coletivo ou privado? Por quê as pessoas precisam além da casa, necessitam de escola, trabalho, estrada, saneamento e saúde. Esse programa não viabiliza nada disso. Estamos perpetuando a precariedade e a favelização, sendo que 91% de pessoas sem casas, que estão na base do problema de moradia no país, precisam de investimentos diretos por parte dos governos para sair da situação de pura miséria em que se encontram. A faixa de famílias carentes serão beneficiadas com apenas 400 mil casas, tendo grande percentagem de casas (600 mil delas) para a classe média.

Política habitacional e democratização do espaço urbano é evitar reconstrução de novas favelas em torno das grandes cidades, onde as pessoas sejam jogadas, e sua única saída, para sobreviverem, seja o narcotráfico.

Em outros países onde essa política foi aplicada como EUA, México e Chile essas comunidades se tornaram grandes favelas, onde as pessoas não têm ruas, escolas, água encanada, esgoto, postos de saúde e trabalho. Precisamos transformar as favelas em bairros dando as devidas condições básicas.

Outra realidade que temos no país é o da especulação imobiliária nas grandes cidades. Nosso déficit habitacional é de 7,9 milhões de casas, sendo que nós temos 6,5 milhões de moradias vazios. Isso reflete que nosso problema não é produzir mais casas, mas sim garantir o acesso das famílias as residências que já existem e que não cumprem a função social da propriedade.

Aumentar a oferta de terra para a população pobre nas cidades é fundamental, principalmente em áreas que não cumprem sua função social. Essas áreas devem ser desapropriadas pelo poder público para construção de moradias populares e bairros. Nas cidades o crescimento desordenado e a falta de políticas sociais forçam as pessoas a ficarem a mercê do aluguel ou a ocuparem áreas sem as mínimas condições de vida como é o caso da ocupação do Juquiá. Por isso a política de crédito não resolve o problema da pobreza carente de habitação e sim o da classe média brasileira, banqueiros, empreiteiros e construtores.

Willian Conceição é estudante de História e presidente do PSOL Jonville

domingo, 3 de maio de 2009

PSOL faz levantamento socio-econômico sobre ocupação do Ulysses Guimarães

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O Partido Socialismo e Liberdade em Joinville está publicizando o Relatório e Avaliação do Censo Populacional/Sócio-Económico da Ocupação do Bairro Ulysses Guimarães, estudo realizado pelo partido em conjunto com a comissão de organização dos moradores da mesma ocupação.

Além de dar subsídios para que o poder público ajude a resolver o problema na região, o estudo também serve para desmentir as afirmações infundadas do Prefeito Carlito Merss (PT) em entrevista ao programa Contraponto, da TV Brasil Esperança, no dia 19 de Abril, onde sem contar com a existência de nenhum estudo, nenhum levantamento ou coleta de dados por parte da Prefeitura, afirmou que somente 20% dos moradores da ocupação precisavam da moradia, e o resto seriam oportunistas querendo vender o terreno ou coisas do gênero.

O PSOL percebeu a necessidade de um censo demográfico/socioeconômico para publicizar as fragilidades, as violações de todos os direitos constitucionais e humanos das famílias da ocupação do Juquiá.

Através deste censo, contamos 85 moradias, das quais, conseguimos entrevistar 76 (89,4% do total). Na área atingida pela coleta de dados, moram 288 pessoas, sendo 133 crianças (46% da população). Ao todo, 100% da população não possui acesso às redes de água, esgoto ou coleta de lixo oferecida pelo poder público. A grande maioria utiliza os chamados “gatos” ou “rabichos” para poder sobreviver, além de não terem banheiros.

A Notícia - AN Portal - 02 de maio de 2009

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Juquiá

O PSOL de Joinville divulgou ontem um estudo interessante sobre a área de invasão no Ulysses Guimarães (Juquiá) em Joinville. O censo descobriu que 133 crianças estão entre as 288 pessoas que moram na área de preservação.

Foi ali que foram derrubadas casas no mês passado. Ficou acordado que quem estava ficaria, mas ajudaria a impedir novas invasões. A renda média das famílias é de R$ 460 e a maioria disse estar ali porque não tem mais condições de pagar o aluguel.

Erro do prefeito

Os moradores da invasão não contam com água, luz e esgoto. Fazem rabichos para ter acesso a algum serviço. Quase dois terços das famílias não possuem banheiros. Só 15% de disseram satisfeitos com a moradia.

O trabalho do PSOL teve como um dos objetivos alegar que o prefeito Carlito estaria errado em dizer que muitos não estariam necessitando de novas moradias. Não é bem isso que dizem integrantes do governo.

Lei Fiscal

O secretário de Habitação, Alsione Oliveira, não acusa os moradores. Dizia que muitos eram enganados por espertalhões que “vendiam” os terrenos.

Fonte:http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2495998.xml&template=4191.dwt&edition=12232&section=941

sexta-feira, 1 de maio de 2009

PSOL no ato do dia do trabalhador

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O PSOL Joinville se fez presente no ato unificado em defesa dos empregos e dos direitos trabalhistas, em celebração do dia mundial do trabalhador, na noite de quinta-feira (30 de abril). Promovido por sindicatos, grêmios estudantis e pela Esquerda Marxista do PT, o PSOL também foi convidado a participar desta luta.

O ato contou com a manifestação de lideranças sindicais e também atividades culturais. No vídeo acima, a fala do camarada Hernandez Vivan sobre o 1º de maio.