terça-feira, 20 de abril de 2010

Estudo aponta que ambiente de trabalho adoece professor

14/07 - 17:48


Pesquisa no RS revela uso constante de tranquilizantes e antidepressivosMaria Carolina Nomura

A falta de organização do ambiente de trabalho e o assédio moral promovido por alunos ou por dirigentes de instituições de ensino privado são as principais causas da má qualidade da saúde dos professores no Estado do Rio Grande do Sul. É o que aponta estudo feito pela Federação dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino Privado no Rio Grande do Sul (FeteeSul) em parceria com o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat).

O levantamento indica que o professor está adoecendo em razão do trabalho e que continua a trabalhar, mesmo adoecido. Rouquidão e perda da voz foram apontadas como principais manifestações físicas de problemas de saúde dos profissionais (49%), seguidas de problemas alérgicos (47%) e tendinite e problemas de articulação (44%).

A pesquisa Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores nas Instituições de Ensino Privado do Rio Grande do Sul, feita com 230 professores, indica ainda que 21% dos profissionais utilizam tranquilizantes para suportar a rotina, 20% tomam antidepressivos e 17%, estimulantes.

A professora de artes Ana Tomasi, 52, é uma das profissionais que compõem a estatística. Educadora há 23 anos, toma remédio contra a depressão há mais de dois anos e afirma que vai continuar com a prática até se aposentar. “Eu trabalho muitas horas além do normal e tenho muita dor nas mãos. Também tomo medicamento para relaxamento muscular.”

Causas - Para Wilson Campos, coordenador da pesquisa e técnico do Diesat, o profissional é levado a suportar esse ambiente de trabalho, apesar das pressões, em virtude da alta competitividade entre eles e da necessidade de manter-se no emprego. “O que mais me impressionou foi o estado das relações humanas do ensino privado. O nível de atrito e de conflito é muito alto. A competitividade estimulada entre as instituições de ensino e dentro da própria instituição me saltou aos olhos”, diz.

Wilson acrescenta que como o número de alunos vem caindo, as instituições estão mais agressivas no seu gerenciamento interno. A consequência disso, acredita o coordenador, é o assédio moral dos professores, principalmente, pelos alunos.

De acordo com a pesquisa, 33% dos professores sentem-se agredidos moralmente por alunos, 31% por seus chefes e 23% pelos próprios colegas.

Humilhação virtual - A professora de educação física Etiene Silveira, 42, diz ter sido vítima de assédio moral de seus alunos. Trabalhava havia 14 anos em um colégio quando descobriu que um grupo de alunas havia feito uma comunidade no site de relacionamentos Orkut contra ela.

“Diziam que me odiavam e me xingavam. Eu fui à direção e disse que não toleraria esse tipo de comportamento. Pedi que eles tomassem uma providência. No final do ano, fui demitida.”

Conheça alguns dos principais resultados da pesquisa:

Manifestações físicas de problemas de saúde
Rouquidão e perda da voz – 49%
Problemas alérgicos – 47%
Tendinite e problemas de articulação – 44%
Enxaqueca – 33%
Gastrites – 27%
Obesidade – 23%
Hipertensão – 19%
Câncer – 2%

Assédio moral
33% dos professores sentem-se assediados moralmente por alunos
31% por seus chefes
23% por professores

Estresse crônico
47% dos professores afirmam sentir constantemente esgotado e sob pressão mais do que o habitual
41% sentir irritação ou impaciência
17% vivenciaram ou presenciaram violência na escola

Fonte: pesquisa Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores nas Instituições de Ensino Privado do Rio Grande do Sul. Federação dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino Privado no Rio Grande do Sul (FeteeSul) e Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat). Base: 230 professores.


Fonte: IG.

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